62° dia de Quarentena - É Natal

Continua a chuva e a trovoada. Só não acendo a lareira porque já está tão limpa que até custa pensar em deitar fogo à lenha. Tenho aquecedor. Também serve. 

62 dias. O cansaço. 

O sono tarda em chegar. Longe vão os tempos em que às dez da noite já tinha adormecido. No sofá. Toda torta. Agora, é ver passar as horas. 

São as insónias. Seguidas dos sonhos. A maioria disparatados. Um cansaço que começa a acumular. A concentração que se vai sem que se saiba bem porquê. Leio uma linha dez vezes até a perceber. As palavras fogem. 

Conto mais de dois meses em casa. O corpo começa a quebrar. 

A maior parte dos dias não são assim. Passam bem, esses. Deixam-me entretida nesta nova rotina. E depois chegam os outros. Aqueles em que não há rotina que tire o peso do corpo e nos traga o pensamento de volta. Quebramos. 

Não há mal nenhum nisso. Ou vergonha. É deixar ir. Nem todos os dias têm de ser bons. Às vezes é preciso dizer que se precisa de ajuda. Dormir. Deixar de correr para as mil e uma coisas que há para fazer. Comprar pão em vez de o fazer.  Aceitar o jantar que nos querem fazer. Saber que o mundo não acaba se pararmos para respirar. 

São 62 dias. E hoje, por causa do Bruno Nogueira, é Natal. Que melhor dia para descansar? 










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