25° dia de Quarentena - O dar

Estamos longe uns dos outros. Afastados por metros, portas, janelas e tudo mais que nos mantenha a salvo. Ou que nos dê essa sensação. 

25 dias em que o metro quadrado à entrada de casa recebe tudo o que chega da rua. 

Mas manter a distância não nos pode tornar distantes. Pelo menos, não devia. Já não vivemos nos tempos em que as notícias chegavam na bicicleta do carteiro e eram levadas à vizinha para a ler. Em que a resposta tardava e nunca tinha data certa para chegar. Agora, tudo é instantâneo. O bom e o mau. 

Então que se mantenha o bom. Que se descubra a proximidade nos dias em que faltam a companhia. Que se ofereça um sorriso. À distância. 

A verdade, já a dizem há muito tempo, é que quem parte e reparte, fica sempre com a melhor parte. Com a alma quente. 

25 dias em casa. Um bolo a cada três ou quatro. 

Haja farinha e açúcar e algo se arranja. Mais uns ovos e um chocolate. Ou canela. Talvez umas nozes. E depois, quando sai do forno, é dividido por caixas, tantas quanto for possível. Caixas que encontram o seu caminho para outras casas que não a nossa. Que tornam a distância mais curta. 

Aos 25 dias, continuamos a dar aos outros, ainda mais do que antes. Que se mantenha assim, mesmo quando nos voltarmos a abraçar.



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