47° dia de Quarentena - As mentiras

De vez em quando, aparece um certo cansaço. Aquela moleza dos dias misturada com a incerteza dos mesmos e uma vontade de ficar ali. Sentada a olhar para ontem.

Dura dois minutos. Pouco mais do que isso. Depois descubro uma coisa qualquer para fazer e mais outra logo a seguir. Quando dou por mim, já ando a correr de um lado para o outro.

47 dias em casa. Gosto disto.

Em relação ao pão, já vou na minha terceira tentativa. Mas pão a sério. Como o que a minha avó cozia no forno a lenha depois de amassar durante horas.

A primeira tentativa foi vergonhosa. A segunda já estava melhor, mas longe de estar perfeita. A terceira já começa a chegar a algum lado.

São 47 dias. A minha cozinha tem farinha em sítios que nunca imaginei.

Li muito sobre esta coisa do pão. Sobre como fazer o crescento. Apontei horas e tempos e quantidades e todas as certezas que encontrei e não davam em nada. Mudei a farinha, mudei a água, mudei a temperatura e nada. Ia ficando. Ia sendo. Sem certezas de nada e com mais erros do que imaginava. Mas disto não falavam lá nos vídeos nem sequer nos textos. Lá era tudo perfeito. Tudo certo nos tempos, nos dias, nas horas que eles diziam. 

São 47 dias. A ir à quarta tentativa com os ensinamentos de quem sabe. De quem cozeu antes de ser adulta. Neta de padeira, é o que é.


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