48° dia de Quarentena - O feriado

Choveu durante a noite e, pela manhã, o céu ainda ameaçou. A hora de almoço chegou com calor. Durou uns cinco minutos. Se tanto.

48 dias em casa. Dia do trabalhador.

Continua a ser feriado. Até parece que voltámos a outros tempos. A semana é mais curta e há um calorzinho cá dentro ao saber que hoje, ao contrário do que seria de esperar, não se trabalha. Vai-se a ver e algumas coisas nunca mudam. 

Acordei cedo porque o meu corpo acostumou-se a esta vida de escritório em casa, mas não perdeu hábitos antigos. Sim, senhora, é muito bonito começar os dias com calma e sem o stress dos comboios apinhados, mas aos fins-de-semana e feriados acordas cedo. Como sempre. 

Aos 48 dias acordei eram oito da manhã. Pouco antes. Raios parta os hábitos. 

Para não quebrar a rotina, enchi a cozinha de farinha. Vou ficar com os braços tonificados no fim destes dias. É isso e uma barriga de pão caseiro sem conservantes nem fermentos nem químicos de qualquer espécie. Podia dar-me para pior, senhores.

E deu-me. Não sei se pior, mas tem o seu quê de duvidoso. Decidi recordar tempos antigos. Aqueles em que eu era uma adolescente com questões existenciais. 

São 48 dias em casa. Em 1943, em Reguengos de Monsaraz, foi dia de trabalhar na horta. Em 2020, no Cartaxo, viu-se a Buffy, mas com pouca pontaria para o episódio. Não apareceu o Angel.


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