61° dia de Quarentena - A trovoada

Hoje choveu como se fosse Inverno. A àgua batia com tal força nas janelas que por momentos tive dúvidas se o temporal estava dentro ou fora de casa. Estamos de quarentena e a viver a Primavera com tempo de Inverno. É para não deixar saudades, é o que é. Ou isso ou são as alterações climáticas, mas vá-se lá saber, não é? 

E chegámos aos dois meses. 

Voltei a fazer pão. Demorou 24horas a ficar pronto e a minha fraca atenção no momento de preparar tudo obrigou-me a ficar acordada até às duas. Só de trigo. Desta vez tinha buraquinhos. E cresceu. E passou o teste do véu. E qualquer dia até acredito que herdei a veia padeira da minha avó. A diferença é que ela amassava isto à força de braços e  a mim a minha preguiça não o permite. Bate a batedeira que faz tão bom trabalho.

Já tenho duas massas-mãe. Uma de trigo. Outra integral. Para ter escolha. E ainda deixei outra no frigorífico. A Henriqueta. Sim, tem nome. E as outras duas vão pelo mesmo caminho. 

Aos 61 dias acho que podemos culpar a própria da quarentena por qualquer comportamento mais estranho. 

Deixei de ver notícias. Vou lendo. É mais fácil. O stress da incerteza torna-se mais angustiante do que o vírus que por aí anda. O diz que disse. O que fez, mas não fez. O logo se vê. Pronto, logo se vê. É isso. 

Sei as regras. Sei da nova normalidade que ninguém sabe bem o que quer dizer, mas sabe que não volta ao que era. Mantenho a distância. Escritório em casa e a ver a rua pela janela. Porque sim. Voltarei à vida. Seja lá ela a que for. Até lá, tenho um bolo de limão que é das melhores coisas que fiz na vida. Abençoada massa-mãe. 

São 61 dias. Tivemos trovoada e chuva. Estamos em Maio. Em Março ainda houve quem tenha dito "Isto é só uma gripezinha" 







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