67 dias cá por casa

A quarentena vai desaparecer do nome. Não hoje que me falta o tempo. Mas irá ser outra coisa porque já não pode ser quarentena. Quer dizer, poder até pode, mas não faz grande sentido.

E são 67 dias desde que isto tudo começou.

Veio o vírus, mais a quarentena e lá ficámos nós. A achar que eram uns dias. Quinze no máximo. Foram estes todos e a contagem ainda não acabou.

Com isto veio a pressão. O cozinhar. Os cursos online. Os livros que agora tínhamos tempo para ler. O pão que devíamos fazer. As Marie Kondo que tínhamos de ser. Os treinos no instagram, com as amigas, com o ginásio. Um que fosse. E de repente, em casa, parece que perdíamos mais do que quando não havia vírus. Porque afinal, qual era a desculpa para não fazermos isto tudo? Estávamos em casa. Sem nada para fazer. A poupar o tempo que perdíamos em transportes. E ficar deitada a olhar para ontem não é assim tão bem visto.

Sim, eu fiz umas quantas destas coisas. Fiz muito pão. Já fazia antes. Cozinhei. Como faço desde do tempo da faculdade. Vida de estudante deslocado é o que é. Também treinei, com o mesmo PT dos tempos de outra normalidade.

Os livros continuam ali, à espera. Tenho alguns que comprei há dois anos e ainda não os abri. Não vi assim tantos filmes. Nem comecei a última temporada da Casa de Papel.

Ao fim de 67 dias, as prioridades mudam. 

Gosto de ter tempo. Para os meus, mesmo que seja ao telefone. Para mim, mesmo que seja deitada ao sol. Para dar, mesmo que seja só um pão acabado de sair do forno.

Que este tempo, que nos virou a vida de pernas para o ar, nos ajude a respirar. A ter calma. Sem ligar ao que os outros fazem. Ao que nos dizem que deve ser este tempo. Estamos todos a aprender e ninguém sabe bem o que é certo. Nem o que é errado.

67 dias. É tempo de respirar fundo. 



Comments

  1. Tempo de desconfinar a quarentena... e voltar às rotinas se bem que... por aqui... a única mudança foi a ausência de passeios!!! Bj

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    1. Vamos voltando, com cuidados. Bons passeios.
      Beijinhos 🙂

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  2. É isso mesmo, uma correria, uma avalanche de tarefas para despachar. Estou a aprender a relaxar. É bom, não é? beijo

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