O tempo

E este calor? Primeiro era o frio. Depois a chuva. A seguir vem este calor. E há sempre qualquer coisa a dizer disto tudo. É São Pedro que não sabe o que faz. É a chuva que dá conta dos canteiros. E vem o calor e lá se vai a pressão arterial. Há sempre qualquer coisa e nunca é boa, certo?

Errado. Normalmente há sempre qualquer coisa boa, nós é que temos tendência para ver o outro lado. 

Está muito calor. O normal no Ribatejo. Eu tenho tendência para me queixar neste tempo. Porque está calor. Porque o sol queima é a minha tensão desce. Porque saio à rua e já estou a escorrer suor. Porque. Porque. Por nada, é o que é. Agora, este calor sabe-me pela vida. Os almoços no quintal, os fins de tarde na cama de rede. Aquele vento da hora do jantar. As roupas leves. As pernas à mostra.

Não saímos de casa. A quarentena trouxe-nos para aqui e deixou-nos a vontade de continuar assim. A deixar os dias colarem-se uns aos outros. A ocupar a secretária ao lado da cozinha sem o stress dos transportes e dos atrasos. A viver com calma

Já perdi a conta aos dias. É mais um. Mas não é só. É tanta coisa que traz com ele. Tanta coisa que me ensinou. Esta doçura de apreciar  o que se passa à nossa volta. De saber respirar.

Entretanto tenho duas massas a levedar. Pão caseiro e foccacia. Uma base de tarte a refrescar e o recheio por fazer. Tenho tempo. Uma pessoa aprende a apreciar o respirar, mas não quer dizer que pare tudo para o fazer.




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