A distância

 Já todos sabemos que o mundo está diferente. Mais distante. Vivemos assim este novo normal que uns dizem ser de protecção e outros asseguram que não são mais do que teorias da conspiração.  Mas está diferente.

Agora está Agosto a terminar. Fim das férias para muitos, regresso às aulas para outros. Tudo no novo normal, seja lá isso o que for.

Mas entretanto, vai-se Agosto. Vai-se o tempo das festas e romarias. Vai-se o Verão e as ruas das aldeias continuam vazias. E a distância torna-se mais triste por aqui. Quando as ruas não recebem os arcos e as noites não se enchem de música. Agora que a covid nos mandou a todos para casa e disse que não era tempo de festejos, faltam as visitas de quem cá vem de ano a ano.

Os santos não saíram à rua e a banda não se fardou. Fez calor sem que se ouvisse um resmungo de quem faz o caminho rua acima e rua abaixo desde que o dia nasce até que termina.

Pedem-nos distância. Cumprida na esperança de dias melhores. Mas nas aldeias que se animam quando vem Agosto e recebem os seus, a distância é mais do que duas cadeiras de intervalo entre cada um de nós. São as ruas em silêncio e a noite escura. São os nossos que não chegam. A terra que não se anima. É o interior a tornar-se mais distante do que alguma vez foi.


Novo texto no Lá pela Terra sobre esta distância. 

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