Do almoço ao jantar

"Eu cozinhar, cozinho sem problema. O que me chateia é pensar no que vou fazer". Deve ser daquelas frases que todas as mães dizem quando, pela enésima vez, alguém responde com um encolher de ombros à pergunta "O que é que querem para o jantar?". Ou para o almoço, tanto faz desde que a reacção seja a mesma. 

Encolher de ombros devia ser o nome de um prato qualquer. Tal como Não Sei e Tanto faz. Ou Não me Apetece. Devia ser inventado, com um destes nomes, o bacalhau à Brás das mães, cozinheiras de serviço, que se cansam de ouvir respostas que não dão em nada.

Queres "Encolher de ombros"? Então leva lá um pratinho de iscas com elas. Ah, era "Não sei"? Então temos peixinho cozido com brócolos. Era ver se depois disto não passavam todos a ter opinião e vontades.

Hoje, depois de nove meses a pensar ao pequeno almoço o que vai ser servido ao almoço, dou toda a razão às mães deste mundo que perdem a paciência quando alguém encolhe os ombros à pergunta para depois torcer o nariz ao prato que lhe apresentam à frente. 

É que eu gosto de cozinhar. É aquele momento quase zen em que se inventa com o que há no frigorífico e a cozinha começa a encher-se de cheiros que trazem água à boca. Tenho livros de cozinha à mesa de cabeceira e demasiadas receitas à espera de serem experimentadas. Até me agarro ao fogão ao fim-de-semana. Não há problema.

Mas pensar cansa. Olhar para um frigorifico e ver no que é que aquilo vai dar, tira o fôlego a qualquer um. As mães é que sabem: o que cansa é pensar no que se vai fazer.

E agora vou ali espreitar o congelador.




Comments

  1. Ainda agora... subi à cozinha e em 5 minutos fiz um jantar para dois... 👍...! Gosto!!!

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