A terapia

O confinamento não é fácil. Não vale a pena pensar na ideia romântica de dias no sofá, descansados, a comer comida boa e a relaxar. Entretanto há loiça para lavar, bolos que ficaram esquecidos no forno, a casa que não se aspira sozinha, uma cadela que precisa de passear e trabalho para fazer.

Sim, a ideia parecia romântica. A realidade acaba por ser um bocadinho diferente. 

E se por um mês ou dois até se aguenta sem problema nenhum, ao fim de oito meses a coisa começa a cansar. Mói o corpo e a alma. Falta o contacto físico e as rotinas que nos cansavam tanto.

Eu, fã de cozinha, mas com uma certa paixão pela pastelaria, ando a desmoer os músculos de volta do açúcar e da farinha. Aprendi o que é buttercream e pasta de açúcar, arranjei umas quantas ferramentas que ainda estou a descobrir como funcionam e dedico-me a isto. Podia dar-me para pior. E os amigos acabam por ganhar com isto porque é preciso despachar bolos para fazer mais, é preciso fazer mais para testar receitas e ideias, é preciso testar receitas e ideias para encontrar aquela, a que vale mesmo a pena.

E eu ando nos meus testes. E a distribuir pelos provadores oficiais porque somos muito mais felizes quando partilhamos. E nestes tempos estranhos, um pouco de açúcar ajuda a aquecer a alma.