E vão quase nove meses

São oito meses em casa. Quase nove. No fim-de-semana passado fui buscar um relógio e não foi preciso acertar a hora. Não o usava desde do início de Março. Não viu a mudança para a hora de verão nem deu pelo tempo aquecer. Entretanto já tenho o aquecedor na sala e uma manta no sofá.

Quase nove meses e parece que passou uma vida que não chegou a acontecer. É um limbo. Nunca o "vamos andando" nos serviu tão bem.

Vamos andando. Num assim assim que nem sabemos bem o que é, mas é o que Deus quiser. Entretanto vemos os dias passar e lá nos vamos habituando à vida caseira. Marcamos o nosso lugar no sofá. O teletrabalho que era tão difícil torna-se a regra e as coisas vão-se fazendo. É como os dias, vão indo.

Agora voltamos para casa. A maior parte de nós, pelo menos. E de quinze em quinze dias logo se vê. Entretanto há quem aproveite para se encostar ao do lado enquanto espreita as ondas ou vê os carros passar. Ou alguém suporta o queixo com a máscara enquanto conversa com mais duas ou três pessoas nos mesmo preparos. E lá se vai andando.

Uns a pisar o risco e os outros a ficarem mais tempo em casa. Porque usar uma máscara é ficar sem liberdade, segundo dizem. E porque uns não usam a máscara ficamos todos fechados em casa, em estado de emergência, com movimentos limitados.

Mas sendo sincera, nunca senti que a máscara me levasse a liberdade. Talvez seja um problema meu.



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