30° dia de Quarentena - Aquele dia

Podemos ter o melhor sentido de humor e ver as coisas sempre pelo lado positivo. Podemos sorrir e fazer piadas. Podemos fazer o melhor do pior. Tudo certíssimo. Mas depois vem aquele dia. Aquela hora, que nem chega a dia inteiro. 

São 30 dias. Um mês sem sair à rua. 

E chega aquele dia em que o mundo fica de pernas para o ar. Ainda mais. Em que andamos a rogar pragas nem sabemos bem a quê. É o cansaço, dizem uns. É a falta da vida normal, dizem outros. Eu digo que é tudo isso e mais qualquer coisa. Tudo o resto. O bom e o mau.

Aos 30 dias a vida começa a ganhar raízes neste confinamento. 

A rotina que era tão agitada passou a fazer-se nuns quantos metros quadrados. Vê-se a rua da janela. Fala-se com a familia ao longe. Tenho dúvidas se ainda sei conduzir. Pensamento estúpido? Talvez, mas o isolamento, mesmo quando é voluntário, muda-nos. Entram as novas rotinas. Mais calmas. Com menos gente. 

E torna-se normal. Tão normal que já começamos a ficar enervados com estes dias que tanto pedimos para ter. "Se eu tivesse tempo...", lembram-se? A verdade é que quando temos tempo continuamls sem cumprir nada, numa ronha que se arrasta por dias. 

Ao 30° dia de isolamento, apeteceu bater nas paredes. Foi um dia daqueles. Durou meia hora. Entretanto fui fazer tartes de limao e a coisa passou.



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